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Isabella Mirindiba

Quem é Isabella Mirindiba? - Uma História Sobre Países e Roupas

"Quem sou eu?" talvez seja a pergunta mais difícil que responderemos em toda a nossa vida. É difícil porque não há apenas uma resposta e muito menos uma correta. Somos muitas coisas e ao mesmo tempo não somos nada. Estamos em constante mudança e isso gera a cada minuto novas respostas para uma mesma pergunta. Desta forma, escrevo este texto para lhes contar um pouco da minha breve história de vida. Quais caminhos trilhei, quais decisões tomei, quais escolhas fiz e por onde ainda busco andar.


Nasci em 29 de abril de 1996 na capital desse país verde e amarelo que chamamos de Brasil, mas para não ficar muito longo, gostaria de começar essa história nos meus seis anos de idade. Começo por aqui, pois acredito que essa idade tenha marcado minha vida em dois aspectos: eu comecei as aulas de inglês e de balé. Pela primeira vez, tive contato com um mundo que jamais imaginei que existisse. A partir desse momento, meu coração foi dividido em dois.


Figura 1: Mini Me


Eu amava ir às aulas de inglês e conhecer um mundo novo. Afinal, não dá para aprender uma nova língua sem aprender a cultura dos falantes, certo? A cada palavra nova, minha mente e meu coração se abriam para possibilidades e desejos. Comecei a sonhar que queria conhecer o mundo, aprender sobre as culturas e, se possível, por que não falar todas as línguas?


Figura 2: Confraternização de fim de nível de inglês


Já no balé, conheci o mundo das roupas. Por mais que eu amasse ouvir as músicas clássicas e me maravilhar com as curvas da dança, meu coração bateu mais forte pelas roupas. Lembro-me que em minha primeira apresentação estava ansiosíssima. Não por dançar na frente de uma grande plateia; mas sim, para ver o figurino de todas as outras bailarinas. Comecei a me questionar: quando será que poderei usar aquelas roupas? Será que demoraria muito?

Figura 3: Apresentações de balé


Esses dois acontecimentos em meus seis anos mudaram totalmente o curso de minha vida. Passei a ver o mundo com um olhar mais atento e curioso. Buscava as minúcias das línguas, culturas, países, comidas e relações. Mas também buscava os detalhes das costuras, dos aviamentos, das cores e formas. Em minha pequena cabeça de uma criança de seis anos passavam informações valiosas que só pude entender mais tarde. Fui crescendo e continuei a observar o mundo a minha volta. Para mim, tudo girava em torno de países e roupas.


Saltando um pouco mais nessa minha linha do tempo, na adolescência tive a oportunidade de participar de simulações da ONU. Incríveis foram os momentos que pude compartilhar com meus amigos. Aprendi cada vez mais sobre os países e me vi em uma imensidão de conhecimento que jamais imaginei ter contato. Aprendi sobre relações internacionais, diplomacia e negociação. Aprendi também que cada país tinha seu tipo de vestimenta e cores e que isso poderia influenciar as relações internacionais. Uau! Não é que eu estava começando a gostar muito disso? Mas lembrem-se de que meu coração continuava dividido entre países e roupas.

Figura 4: SiNUS 2013.


Figura 5: Sigma-Múndi 2012.


Eu e meus amigos estávamos cada vez mais perto do tão temido vestibular. Que escolha fazer? Será que isso é certo para mim? Vou ter que trabalhar com isso pelo resto de minha vida? Tantas perguntas e emoções em um corpo desajeitado de adolescente me fizeram questionar o que eu deveria fazer com um futuro tão incerto. Já sei! Gosto muito de roupas, por que não fazer Moda? Procurei todos os cursos pelo Brasil e adivinhem só: não tinha nenhum em Brasília... Meus pais não me deixariam sair de casa tão jovem. O que fazer?


Tive que aceitar essa frustração e me mantive pesquisando sobre roupas e culturas. Chegando ao fim do meu Ensino Médio, fui selecionada, por dois anos consecutivos, para participar de uma simulação da ONU na Universidade de Harvard. Fiquei muito feliz com minha conquista e me esforcei para fazer um bom trabalho. Chegando lá, vi gente de 180 países diferentes, com sotaques diferentes, com roupas diferentes... Uau! Minha cabeça explodiu e meus olhos vibraram em meio a tantas coisas incríveis.


Figura 6: Organização das Nações Unidas (2013/2014).


Figura 7: Cerimônia de recebimento do Certificado da Universidade de Harvard


Conheci pessoas, culturas, países e roupas. Voltei para o Brasil com a brilhante ideia: "Já sei! Vou fazer Relações Internacionais!" Até então, minha vida foi regida por coisas relacionadas a isso. Se eu não conseguiria fazer Moda, por que não fazer uma outra coisa que eu gosto? Passei no vestibular e dei o meu melhor por toda essa trajetória.


Figura 8: Simulação da ONU no primeiro semestre de faculdade


No meu último semestre, lembro-me de estar em uma aula de Comércio Exterior quando o professor começou a falar sobre moda. Eu tive um estalo: "Espera aí! Relações Internacionais tem alguma coisa a ver com moda?" Meu professor não poderia ter sido mais claro. Ele citou o nome de vários estilistas com os quais ele trabalhou, pessoas que eu nunca imaginei que ele poderia conhecer. Começou a explicar como a roupa que vestimos pode afetar as relações de negócios entre os países, falou sobre como as cores influenciam nas decisões e como o marketing era uma peça fundamental na junção da moda com as relações internacionais.


Voltei para casa muito pensativa. Será que eu precisei chegar ao último semestre para entender, verdadeiramente, o que faz um internacionalista? Será que eu não me conhecia muito bem? Liguei meu computador e comecei a procurar pós-graduações na área da moda. Percebi que talvez eu não tivesse a aptidão necessária para ser uma designer, mas existiam tantas outras áreas para se explorar. Dei de cara com um curso chamado Fashion Business em uma instituição europeia. A descrição do curso não poderia ser melhor, era tudo que eu buscava! Mas como tudo na vida tem seu lado ruim, esse curso também tinha: custo muito alto e eu teria que morar na Itália.


Na próxima aula de Comércio Exterior eu estava desanimada. Quando eu realmente tinha achado o meu lugar, quando eu finalmente tinha compreendido quem eu era e o que eu queria fazer, os $$$ me distanciaram das minhas tão amadas roupas. No fim da aula o professor me perguntou se estava tudo bem, acabei contando minha saga frustrante sobre um curso que eu não poderia pagar. Ele me disse em tom animado: "Me dê dois dias e seu e-mail!".


Dentro do prazo, recebi um e-mail de meu professor com opções do mesmo curso, só que em São Paulo. Ele me mostrou algo que para mim havia passado despercebido. Será que eu deveria me inscrever? Por alguns dias essa dúvida permeou minha cabeça, mas resolvi passar pelo processo seletivo para ver no que dava. Depois de várias etapas, recebi uma ligação.


Eu estava no quarto de um hospital aguardando minha mãe sair de uma cirurgia para retirada de um câncer de mama. Eu estava apreensiva e ansiosa, preocupada com ela, quando recebi a ligação de que havia passado no processo seletivo e que as aulas começariam em um mês. Ao encerrar a ligação, meu pai entra com minha mãe e lhes dou a notícia: eu estou me mudando para São Paulo!


Figura 9: Avenida Paulista ao entardecer.



Cheguei a essa cidade vibrante no dia 6 de março de 2018. O avião começava a pousar e eu a observar aquela selva de concreto jamais explorada por mim. Tudo era novo, tudo era um desafio, mas eu estava disposta a trilhar esse caminho. Meu primeiro dia de aula foi empolgante e frustrante. Lembro-me de chegar feliz e saltitante por estar finalmente juntando as Relações Internacionais com a Moda. Minha autoestima estava alta e eu achava que estava lá só para melhorar um pouco os meus conhecimentos de moda, pois afinal, eu já pesquisava sobre isso há anos, o que mais eu poderia aprender de novo?


Quando a professora começou a falar, eu me dei conta de uma coisa: eu sei falar inglês, espanhol e francês, mas droga! Eu não sei falar moda! Que mundo era esse que eu não entendia sobre moda? Será que eu estava perdida de novo? Será que eu não sabia quem eu era? Frustrada e decepcionada comigo mesma, comecei a fazer o que eu fazia de melhor: estudar. Estudei, estudei, estudei. Estudei até começar a entender minimamente essa nova língua.


Depois de um ano e meio de muita dedicação, terminei minha pós-graduação em Negócios da Moda e já estava pronta, eu já sabia quem eu era! Mas como vocês devem imaginar... eu não poderia estar mais enganada. Quanto mais eu estudava, mais eu percebia que sabia muito pouco, ainda mais agora que eu tinha me inserido no mundo da moda. Busquei me atualizar e me especializar mais ainda na área que mais me despertou o interesse: marketing.


Passei por um novo processo seletivo e entrei em uma nova pós-graduação, desta vez Marketing e Comunicação de Moda. Ainda estou nesse processo, devo dizer... mas já aprendi tanto! Comecei meu blog para falar sobre essas coisas que eu gosto e que eu acho que as pessoas podem se interessar também. Quero me tornar uma referência na área e estou trabalhando para isso! De qualquer forma, posso lhes afirmar que meu coração já não está mais dividido entre países e roupas, entre Relações Internacionais e Moda, ele está completo.


Vídeo 1: Istituto Europeo di Design


Buscando me encontrar foi que eu me perdi e, me perdendo foi como eu me encontrei. Eu contei essa história toda e vocês devem estar se perguntando, mas afinal, quem é Isabella Mirindiba? Anotem meu nome aí, pois não posso lhes dizer agora, estou ocupada construindo uma versão melhor de mim!


FIGURAS

Figura 9: Avenida Paulista ao entardecer. Disponível em: <https://noticiando.net/oitos-pontos-turisticos-na-avenida-paulista-que-voce-precisa-conhecer/>. Acesso em: 27 jun 2020.

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